quarta-feira, 21 de agosto de 2013

o meu corpo anuncia que quer você

o meu corpo anuncia que quer você
quando mia e geme
e range os dentes
e estica e treme
a costela;
quando queima e derrete
feito vela,
e mela
minha coluna
de cera,
devagar...
até ela
se transformar
num mar
de mel branco
espumado e encharcado
de você,
onde me afogo,
me afundo, me afago,
me inundo, me encharco,
por querer...

e já,
desde já,
no te amar,
derreter, espreguiçar,
lambuzar, sufocar,
pássaros surgem e
voam em meus campos
e se desmancham
em perfumadas cachoeiras
azuis feito lençóis,
que desaguam
inundando
minhas partes mais íntimas
dos segredos mais tímidos,
na nascente, na foz...

nessas partes,
o mar de amor e amar você
que se fez de querer
te escrever,
de querer
te buscar nos fundos
e inalcançáveis lugares
do oceano como letras
e palavras inspiradas
em seus encantos,
pingando, molhadas,
lança ondas brandas e turvas
em direção às praias longas e ruivas
que nascem quando percebem
teu chegar,
de longe,
tranquila, dengosa,
nas minhas lembranças;

E nesse teu chegar,
nesse te amar,
te querer,
reivindicar
te puxar e te encontrar
sob minha tutela astral
em meu sonho surreal
de volúpia e muito, muito dengo,
sob meus lábios,
sob minha língua,
sob meu líquido e meu suor
de ousar tentar buscar-te
em conchas de rimas,
eis o meu corpo,
que anuncias
que te quer,
te anseia,
te espera,
trêmulo,
se amacia
feito almofadas de penas
e plumas fofas,
e se afrouxa,
e novamente mia,
e geme,
e range os dentes
que lentamente
adormecem,
formigam,
sensíveis,
instáveis,
serenes...

o meu corpo anuncia que quer você
quando a poesia
surge de um não sei o quê
de dentro de mim...
o meu corpo anuncia que quer você
quando em si
já não suporta o tanto
de amor sem fim...

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