domingo, 29 de janeiro de 2012

o pavio e o espontâneo

É no mínimo estranho, mas um estranho tão doce... um pavio malandro se encurtar, puxando pelo braço tudo aquilo que faz - ou é - a vida dinâmica, divertida, astuta, apreensiva e realmente interessante. Pavio malandro, trouxe o fogo mais rápido à pólvora, explodindo a pasma percepção do amanhã de algo vago e tonto, que hoje se faz ansioso e inquieto. Ansioso e inquieto justamente por essa astúcia da rapidez dos desfechos - que são desfechos de um início -, ou seja, do pavio, e também pelos próprios desfechos. Mas que pavio lindo meu deus!.. E quem diria que gritos ao redores de St John's Wood, lá pelos anos passados, poderiam excitar esse pavio, poderiam encurtá-lo mais e auxiliar algo desnorteador, tão magnífico por tão bêbado, arborizado e espontâneo..! Alguns espontâneos são danados de abater terrenos férteis à novos espontâneos orientados. Oh malandragem esse pavio e esse espontâneo!

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

sessenta ontem e hoje

A vida só é vivida quando se pensa, e pensar é fermentar o solo para qualquer experiência da vida, por isso a vida só é vivida quando se pensa. Não confundir pensar com receio é fundamental para sobretudo pensar, e, obviamente, viver!
O medo é alucinante, o receio é vertiginoso, mas antes dele há de vir o pensar neles, não eles para depois vir o pensar neles! Compreenda a vida, sinta receio, medo, vertigem, obsessão, vontade, mas faça!, faça para enaltecê-los de fato, faça para viver de fato! Qual outro motivo existiria em viver senão o de viver? Por que privar a vida da vida? A morte é o próximo destino, a agonizante não-vida eterna, não-consciência eterna, então que gozemos de nossa consciência enquanto vivos, nesse curto espaço do instante do tempo que pudemos ter o privilégio de compreender, entender, pensar e viver! De fato a morte não é nem um pouco amiga, não é tão positiva quanto tentam passar quando dizem "descanso eterno"; mas, se estamos sob julgo do destino em caminho à esta inóspita realidade eterna, a maltratemos então, provando à ela o quão vivemos, o quão somos antagônicos a ela! Viver é um privilégio perigoso, antes e depois a não-existência é uma - triste - realidade, então, que vivamos e vivamos mais ainda, o quanto mais pudermos!
Deixemos a eternidade da vida para os deuses, que nunca provarão realmente o gosto amargo e doce de viver! Eles podem existir, mas jamais vão viver! Jamais saberão que o sangue é realmente vermelho tinto, assim como o vinho, e jamais saberão o que é beber um vinho!