segunda-feira, 15 de março de 2010

tudo foi feito pelo sol

torturado e castigado pelo incrivel e potente sol, que continuamente suga as vossas energias vitais, vossas riquezas, tal como a água, e destrói as vossas harmonias, o clima emburra-se e, vingativo por virtude, semeia o ódio e a devastação. nota-se seu abatimento e seu poder minucioso de vingança em sua expressão estética, um tanto quanto pesada e tensa, fazendo recordar os animais selvagens que, ao sentirem-se ameaçados, buscam um abrigo confiante para o sentimento de segurança que lhes é necessário, recolhem a eles mesmos todos os sentimentos e não vos deixam manfestar; aliás, transparece um sentimento, de um animal receoso, brutal e extremamente vulnerável ao ponto de soltar suas alucinações momentaneas através da explosão de sua fúria norteada pelas suas garras e seus dentes; depois de sua tensão, vem o extase das (re)ações espontâneas e desorientadas, sem meio, justificativa ou ordenação, mas com uma finalidade, a sobrevivência. O clima, então, tal como um animal selvagem, entrega suas capacidades e orientações ao momento e, cada vez mais, a hora de sua explosão se aproxima; eis que, então, ao não aguentar mais o peso lhe imposto, seus conflitos individuais, o dilúvio, libertação de seus mais íntimos segredos e esperanças, se estabelece.

O poderio de devastação da depressão do clima é avassalador e medonho; animais, meros animais, assustam-se com o ataque repentino de um que carregava uma maldita pertubação psicológica; transbordam ódio, vingança, depressão, rancor e tédio sobre os animais que agora lutam incansavelmente contra o dilúvio; animais os quais tentam de qualquer maneira se defenderem dos ataques mortais que lhe sucumbem; violentamente, como uma nova reação, desbravam fervososamente a fúria da tempestade, desafiando as resistências individuais que lhes foram concebidas pela natureza - oh, natureza, tu que criastes e mantém toda esta realidade, o clima, o dilúvio, os animais e as reações; onipotente e onisciente; oh, natureza, qual a finalidade dessas terríveis batalhas? - de fato, os animais nervosos e desorientados não pensam tampouco questionam naquilo que definitivamente causou a batalha - o por qual motivo o fariam? qual a necessidade, naquele instante, de "perderem" o precioso tempo que lhes é necessário para salvarem vossas vidas? o início, naquele momento, não era necessário compreender, era necessário viverem absurdamente o agora, o presente, para salvarguardarem o futuro -.

Passadas horas de agonia, o clima finalmente cessa seu choro, aliviado, cede uma calmaria que cheira um úmido azulado, claro e fresco para os animais exaustos e fracos; para os bravos animais que lutaram e desafiaram a natureza, para os verdadeiramente vitoriosos e triunfantes. Em instantes - não tão curtos nem tão longos - o que está por vir a atormentá-los novamente é o terrível calor de um que, possivelmente poderia ter causado todo este transtorno - ou mesmo apenas ocupa um lugar neste ciclo de autodestruição -, o terrível calor do sol. Enquanto o sol, incrivel e potente sol, não se vigora de fato e não lhes provoca o agonizante clima abafado, seco e quente, lhes restam, pois, aos animais, a tranquilidade, o descanço, e o orgulho.

quinta-feira, 4 de março de 2010

hey, mr of enlightenment, we need you to dim the lights..


A escuridão sempre foi associada à morte, às coisas ruins, malignas, ao medo, temor, ao inimigo de Deus, porventura associado à luz, claridade, ao dia, a pseudo-positividade cristã que fora ostentada, em conjunto com essas outras percepções humanas da escuridão, por toda a história que a Igreja esteve-se presente. Oras, é justamente na escuridão que o ser humano conhece a si mesmo!

É na escuridão que, nada, absolutamente nada, que antes era conhecido e pré-estabelecido como correto, como valor, como conhecimento, é percebido! É na escuridão que seu instinto de humano, um simples animal - todavia capacitado cognitivamente o suficiente para, também, algo tão irônico, se cegar! - flora à tona e lhe retém cada vez mais a ti mesmo, buscando em si, no seu interior, um abrigo de fato confiante, quente e seguro!

É na escuridão que ficastes mais apreensivo, minucioso, cauteloso, consequentemente mais cético e gradativamente desenvolve um raciocino de auto-defesa; é na escuridão, então, que você, ao tentar desenvolver tua auto-defesa, busca veementemente o conhecimento próprio, pois é dele que retira-se a base de suas e somente suas ações, inclusive a auto-defesa!

Oras, é justamente na escuridão que o ser humano conhece a si mesmo! E a Igreja, com sua terrível turma da claridade, em seus mais de mil anos, mantiveram e mantêm-se reprimindo fervorosamente a escuridão, pois, a natureza humana, de fato, não lhes é conveniente! O que lhes é conveniente é justamente a cegueira, cegueira tal que conquistada com demasiada luz, claridade, pseudo-realidade! 

Experimente tomar banho, de madrugada, com as luzes apagadas. É a máxima manifestação do auto-conhecimento, ou mesmo de tê-lo como virtude. Busque a escuridão, o autônomo exercício de conhecimento. A luz, claridade, é para os fracos, para os cognitivos que se subjugaram à sua cognição, deixaram-na dominar-lhes, e julgam, como se fosem donos da razão pura (que nós também não somos e que nós, companheiros da escuridão, não nos julguemos predestinadamente nada que não diz respeito à nós mesmos!), absolutamente todos, eles, e nós! Que julguem e continuem tapados. 

Que nos conheçamos e continuemos no processo de conhecimento, da escuridão!