quarta-feira, 18 de julho de 2012

18 de julho

e foi há pouco..
e já sinto uma eternidade
e agora, na verdade
já passou tanto tempo
por tanto pensamento me acompanhar
e a rua me parece tão intensa
e a lua não mereceu a minha presença
ela não apareceu para me consolar
nem ela..
andando e pensando em parar
e sentar num gramado,
que ironia, flores tão rosas,
um frio tão típico dos dias desse julho amargo
me lembra tanto de coisas nossas
uma música que é tão nossa, tão alto...
me lembra tanto de como te amo
e eis que estamos
nos amando e distanciamos
um ao outro ao leu destino dos ventos;
que devem estar sempre tristes,
por correrem tão intensos
em busca de algo que por toda existência nunca encontraram..
tristes estamos nós, que em todo mundo,
sentados e calados
engolimos simultaneamente mágoas e soluços sufocados
por desilusão, alguns
solidão, outros
outros apenas por muito amor...
e me acompanha também a tão estimada embriaguês
tão esperada pelos ansiosos que se iludiam
que iriam sorrir sinceramente depois de alguns naufrágios e viam
que só lhes estava destinado, de fato
a amargura dos copos vazios que lhes encharcavam malstratos..
e é tão sinuosa minha cabeça
e tão dolorosas minhas lembranças
e tão lamuriosas essas minhas linhas me perdendo em lamentações mundanas
os desesperados apaixonados! (sic)
e os bebados sufocados! (sic)
de que valem para mim?
se o fato de eu estar assim tivesse alguma ligação, enfim..
não me perdi
e só penso em ti
pra variar
e escrevo a ti
pra variar..
e escrevo sobre ti,
pra variar...
não me julgues um imbecil desiludido, solitário,
como tantos foram
quando tantas vezes escreveram dores de traições
de romances, de paixões,
aqueles penosos poemas de lamentações
estes são tão chatos
e já mastigados
dos tradicionais insuportáveis angustiados..
me perdoe se por essas bandas tive andado com minhas palavras
e minhas queixas não se passaram de queixas já faladas
reditas e perdidas no vasto porão literário das tristezas da humanidade..
mas acontece que não sei expor
e isso dói, amor
e você sabe...
e vejo na escrita uma forma de desanuviar a dor
que você sabe que sinto..
exclamo que te amo, amor!
não estou, por essas confissões na verdade já confessadas
suplicando a qualquer preço
as nossas intensas noites passadas
de volta
me arrastando aos seus pés
e clamando emaranharmos e nos arranharmos em sua cama
de volta,
como se fosse tudo novo de novo;
não estou, apesar de saber que poderia estar
se fosse o caso..
eu me entregaria,
me entreguei o tanto que pudia
ao destino sem destino que tinha o nosso amor..
eu me entregaria de corpo e alma
à mútua complacência, reciprocidade
à intensa intimidade
que na realidade
é o que mais me aquece,
me sacia e me engrandece
de verdade..
me entreguei a ti
e sei que te entregaste a mim
e assim, a gente se amou,
durante meses sem fim
mas veio o fim
quando, talvez, te sufoquei
quando, talvez, te agarrei
e supliquei um mergulho na imensidão de nós dois
de somente nós dois...
te entendo do fundo do coração
reconheço o que me falou
sei intimamente do que sentiu quando em algum momento repensou
o que pensou conseguir
por mim
e sei como é não conseguir
porque também não consegui
mas vivi, tentando e conseguindo
por infinitos dias lindos
os seus sorrisos, nossos sorrisos..
dói, meu amor
saber de tudo,
mas doeria mais não saber de nada
ou saber que nos perdemos às custas de nada..
mas não quero aceitar(!!)
não me vejo aceitar
por te amar!
me vejo sonhar com outras tantas novas músicas que poderíamos cantar,
e tantos novos quadros que poderíamos pintar!..
desculpe se isso negativamente te atinge
como se fosse de minha parte alguma pressão;
mas me aflige o sliêncio do meu peito
e, permanecê-lo assim, calado em teu leito
seria tornar isso tudo que sinto em vão..
dói, o amor
e o que seria o amor sem essa dor?
mas dói, realmente dói
não adianta gritar que quero você
ou me privar e nunca mais te ver..
mas dói, realmente dói
esse terrível não saber o que fazer..
Me resta o que, portanto?
levantar e ir embora, pra casa,
ou continuar, em meio ao perfume de flores de julho,
sentado, cantando, escrevendo e chorando?

quarta-feira, 4 de julho de 2012

lua e amanda

amando a lua e a amanda
amando a rua por onde anda
na cidade das luzes e da noite
amando a escura iluminada noite

namorando e amando as duas
amando a fantasia da loucura
das peças de teatros noturnas
peças amáveis!

amáveis peças que tramamos cantando e enlouquecendo sob canções de amor da lua,
canções amáveis!

e a lua nos namora
é tudo muito azul escuro e claro por volta
do nosso amor,
amanda

e o nosso amor amanda,
lua
não é uma flor,
um delírio de perfume, amor?

mas que cheirosa noite embriagada
de vibrante luz amarelada
de lua bonita e encantada
de amar amanda a lua o tudo e o nada e
é tão vago e triste tentar se limitar...
se amar a lua e amanda
é expandir e simplesmente amar!

me banhe de tua volúpia brilhante
escaldante e impetuosa,
oh, meu amor lua!

me banhe de tuas maravilhas impares, apaixonantes e sinuosas,
oh, meu amor amanda!

e sigo amando esse amor e esse ode à nossa noite,
para sempre infinita
para sempre inacabada
para sempre amada!

[e me indaga, com um ar afetuoso e apaixonado, a lua:
 - qual é a diferença de amada pra amanda?
 - um "n" de nada!
e logo lhe rogo carícias desde cá debaixo, pensando como seria poder tê-la não só a noite, como nas tardes também, enaltecendo minhas graças com aquela bela e fantástica apresentação nos céus ao dividi-los com a imagem do Sol, tão branca, clara e em sintonia com a imensidão azul borrada pelas espumas brancas flutuantes das nuvens;
e me apaixono mais com a lua; me inspira, me contagia!
e logo volto minhas atenções e meu olhar a estas palavras, que estão aqui, clamando que eu continue desvelando-as, lentamente, namorando-as espontaneamente! Exorando-me demasiada atenção e paixão natural!]

terça-feira, 3 de julho de 2012

tua frança em todos nós


Qual era a França de Rimbaud?
Não era exatamente a mesma França de todos ao seu tempo,
todos precedentes e mesmo seus sucessores?
Tuas idolatrias não são religiosamente as mesmas?
Qual era a diferença dos Gauleses aos Robespierres?
Qual ócio e vício não são representações máximas da natureza humana?
Qual espetacular ironia não é cristal na geleira da alma?
Qual cristão não tem Deus morto em ti próprio?
Qual determinado senhor dos bons costumes não tem um gritante homossexual e uma ninfomaníaca prostituta libertinos, obcecados, maltratados e histéricos em seus testículos, que, ainda algum dia, em razão de um estímulo sem precedentes, gritarão e por tua uretra haverão de sair, expandindo, dilatando, fazendo sangrar tuas tolas e impuras repressões, o que causará uma dor inestimável, sentido súbtas queimaduras - mas por isso extrapolando tuas paranoias e tornando-o amavelmente humano?
Qual é a França de Sarkozy diferente da França de Rimbaud?
Não é a mesma França da humanidade, como o Brasil, da humanidade?
Qual é, portanto, a humanidade da humanidade?
Não é a imensa massa de vivos e mortos, estes sob os mais afáveis e carinhosos cuidados da lembrança humana - tendo tua gloriosa existência consagrada pelo grandioso pensamento humano - e que, massa essa de vivos e mortos, torna-se encarcerada por minúsculas jaulas deste pensamento humano?
Não é, este pensamento humano, grandioso? Ao ponto de criar, entender e se habituar ao passado e ao futuro? Ao ponto de entender, sob seus próprios cuidados, suas próprias faculdades e de uma maneira "bem pessoal" - entender o tempo?
Qual é, então, as causas dos reflexos débeis da humanidade em insistir na trava da contínua expansão?
São tão tolos aqueles que acreditam ser tolos e abomináveis os nossos Rimbauds!
Tão tolos por serem, nessas circunstâncias, eles próprios, Rimbauds!