domingo, 31 de março de 2013

te escrever me instiga

por que se faz tão forte,
que em estrofes
me reviro tentando
lhe descrever?
por que me pego
desatinando em versos,
que por certo servem
para citar você?

parafrasear algum excerto,
exagerar em alguns sonetos,
para explicar alguns momentos
de euforia de paixão...
remoer inspiração
em te ter numa canção,
numa rima que viria
te amarrar em meu colchão!..

que faria-te de doida,
que me amaria a noite toda,
em toda noite minha,
nossa, nessa rima;
que me agarraria e sacudiria
quando eu me fizesse de todo seu;
esse destino que todo dia
a mim se ofereceu..
sincero, franco, tua ternura
me fizeste agarrar-te como nunca
ou como sempre, mas agora a boa nova
de me entregar à tua prosa..

entreguei, me lancei!
ao tal destino de poder lhe ter
de ser-te, enfim, alguém
que há muito não pude ser!
de acompanhar teus cabelos
crescendo como crescendo nosso nós;
nosso nós dois, ao nosso esmo
ao léu de nosso a sós!
a sós, me perco na vastidão,
do que a sós me apresenta o que és;
oh, rimas minhas que arrastam aos pés,
do vasto certo que é a paixão!

se faz realizado um canto cantado,
como um verso, submerso, escrito,
quando se perde num sublevado delírio,
do amor de algum inspirado;
inspirado, me inspiras,
talvez sem a perfeição nas rimas;
talvez sem a alucinação das lindas
críticas de poesias bem escritas;
talvez sem a emoção de um Vinícius,
ou sem a perfeição do nosso Chico;
mas com certeza, vibrou para tal escrito
um dia um clamor de amor em um menino

segunda-feira, 25 de março de 2013

me vingar eu não ter você


me pego confuso
quando ora me atrevo,
ora me recolho,
ora me olho em meus olhos
e não me entendo;
ora lhe perdoo,
ora choro de teus olhos,
e me condeno;
e já me comprometo,
mas já me perco em perigosas prosas comigo mesmo;
me aperto, me esquivo
me retiro..
mas volto-me aos teus olhos
e é impossível acompanhar
o inevitável destino
sem me frustrar,
e quanto mais me reviro
é impossível te olhar
te fitar, te amar
sem me maltratar
e sem me instigar
a me vingar, te xingar
a te cuspir, berrar em ti
a fazer-te desesperada por qualquer motivo
bastasse apenas que fosse por mim;
mas volto a mim,
retenho-me;
remoído, retido em dores prontas
acabo vendo que no fim das contas
só me perco assim desvelando as gotas
dos meus olhos que fogem dos seus;
os meus olhos que perseguem os seus
de sólidos se desmancharam em borbotões,
em revirados fólios de minhas certezas de possíveis conquistas
e não encontrados nas tristes linhas de minhas anotações;
sem canções, sem poesias,
sem estrofes, sem bordões...
sem excertos
sobre incertezas
sem começos,
sem conclusões

quinta-feira, 14 de março de 2013

O Devir e o Desvario por uma fraqueza

este rebuliço instigante
em tempos nisso de sismos
disso que atravessas ofegante
em seus internos conflitos

teus is sem os teus pingos,
atribui ao alheio e defasado devir
os pontos soltos indevidos,
te escondes e reafirmas ao aduzir:

que o inferno são realmente os outros!
que os loucos dessa infame roda
rogam pragas bem vestidas, mórbidas,
ao teu pranto, imponente, rouco!

e os insolentes cantos desses malditos,
insistes tu em vos atribuir
em aludir que há em teus intrínsecos
as piores designações que possam existir!

coitado, insistes o atormentado,
vibrar calúnias e ódios latejantes!
pulsantes mas embriagados,
entoados por uma fraqueza rastejante;

que se humilha quando te sentes
fraco e triste o suficiente;
mas que outrora ristes como nos carnavais
junto àqueles que vos atraem;

vos atraem, te engana a ti próprio
ou te prendes em tua jaula
teu medo em público, amargo e impróprio
lhe impõe o cerco, amordaçada

amordaçada fazes a tua imagem
carência exata duma ciência fraca;
a ciência exata duma fraca alma
lhe rasga o orgulho, natural, selvagem;

Oh devir maldito!
Oh, desavir imundo!
Que as tralhas escutem o grito,
de um homem que procura conhecer-se a fundo!

Chuva que cai amiúde,
um míope emocional lhe clama,
que sejas desfalecida tua rude
e súbita agonia mundana!

Reclama, reclama!
reclamas a ti próprio,
oh cruel pensante;

Envolto ao véu
de seus semelhantes,
teu drama és nulo,
insignificante!

o que vias como beleza,
hoje tens como certeza
a agonia e a tristeza;

o que sentias retumbante,
hoje sentes ofegante
companhias inquietantes

És um mero perdido!
iludido e tens medo
De amores traídos,
eventuais desesperos...

Então te desesperas!
ansioso, se entrega,
E onde vias precioso
agora é terra que lhe soterra!

E eis que esbraveja,
grita impulsivo;
berra um grito vivo
eu tua voz trêmula, porém sincera:

Entusiastas do Devir,
sois importantes para mim!
Escancarem minhas fraquezas
que é para eu as destruir!

Apaixonado grupo do Devir,
mantenha distância de mim!
Minha preguiça e repugnância
fortalecem o asco que sinto por ti!


terça-feira, 12 de março de 2013

sisma


o pior é a tristeza inevitável,
da certeza que o melhor
era ter sido evitado
o anunciado escancarado
que um dia sofreria,

se acaso a minha
alegria iludiria
e a euforia me faria
cego e surdo
um tanto mudo
como a tudo
sempre me fiz,

como a todas me entreguei,
como a esta o repeti!
como agora me deparei,
numa cova em que cavei
duma história, que perdi
o tanto que nela insisti...

agora canto e escrevo em vão
tento a mim próprio me consolar
mas não se consola a desilusão
com a antiga sisma de querer voltar;

talvez até queiras, mas é certeza
que é impossível, que eu fiz o certo
em ter sido uma vez sincero
não ter insistido, era besteira

era certeira a minha angustia
tanto era que hoje aqui está
não restava nenhuma dúvida
já sabia o que poderia dar,

e deu! se consumou
sofreu, aconteceu
e o tempo não se deu
por vencido, não passou

mas, ah,
há de passar,
há de passar, sei
há de passar..

e o pior é a tristeza
inevitável,
da certeza que
o melhor era ter sido
evitado
o anunciado
era preciso
evitar o
evitável...