terça-feira, 27 de março de 2012

já sabia ou descobriu, ele precisa dele e sabe do que precisa

... até que ele descobriu, sentindo um frio na barriga e um amargo gosto de nostalgia, conversando e dando espaço às recordações calejadas que firmaram o que ele é, pensa e sofre hoje em dia, que é apaixonado pela paixão, "ou pelas paixões", como ele próprio classificou... E voltou a pensar no rumo sem rumo de sua vida pelos próximos meses enquanto ia ao banheiro olhando pela última vez os entusiastas da vida profissional que lhe acolheram por algumas quinzenas de dias. É chato e, em algumas vezes de pasmo ou mesmo embriagues, sente-se uma agonia igualmente chata por viajar sempre a mesma estrada e nadar sempre o mesmo lago.. Talvez por isso decidiu o tempo ao labor.. ou mesmo ele próprio ao labor..

up the khyber

- Não meta em meu destino uma constante de amarguras, desilusões e tristezas!
- Cala-te!
- Não! Do sofrimento quero distância!
- Cala-te! Não tenho autoridade nenhuma para causar-lhe dores ou de alguma forma ser complacente contigo; tu estás fermentando o teu solo! Não queres tu ficar fascinado com a cósmica nuvem da volúpia da juventude?
- Evidente!
- Então prepara-te para as oscilações, oras! Não metas tu em tua cabeça o cabresto da juventude pelo medo de minha existência!
- Mas do que anseio grita forte o equilíbrio! E é da ausência dele que me nasce teu oposto e que, como consequência, o medo dele num futuro sem volúpia!
- Cala-te! Enfrente tuas garras, aliás, as garras de tuas paranoias e brade a tua segurança! Não tens segurança, jovem?
- Primeiro a apresente-me; tenho certeza de que a amaria por noites e dias, durante infinitos anos!
- Conheça-te tu a segurança; ouse, jovem medroso!
- Cala-te!
- Calo-me sim, metido e orgulhoso! Mas compreenda que o engordo do teu calo se dará em virtude dos tapas que sofrerá em decorrência de tuas tentativas inseguras de viver!
- Não te calas, me ajude! Anseio não oscilar agora, tampouco num período que está por vir, mesmo que não tão próximo... Período este que vejo criar novos capítulos por eu já ser, tão jovem, consequência de alguns já vividos...
- Calo-me, sim! Estou a partir... fujo das perpetuações de tuas tormentas... E como via de despedida, não penses que pensa; não atropele o fato pela conspiração! Mas não te rendas àquilo que lhe fez construir novamente! Já estás de alguma forma construído, e a prova viva disto é esse drama que me ora; Mas, jovem, você deve saber o que quero dizer e o que digo para não te render! E o que lhe digo: não sofras do sofrimento que ainda nem nasceu como angústia, que ainda não cadastrou teu nome na lista das celebridades de tua vida...
- Não! Disso já me firmei a postura! Mesmo tendo o porque fazê-lo realidade..
- Sejais humano, somente!
- Serei! Não fiques emburrado comigo, não estou sofrendo, tampouco triste!
...
- Prometa-me que voltará sempre que lhe aspirar...!!!
...
- Prometa-me! .... Eu quero amar!..

domingo, 25 de março de 2012

é muito




é muito forte pra mim!
é muito peito trêmulo, é muito pulmão ofegante, é muito assédio à cuca, é muito estímulo para que os dedos suportem tanta contorção... é muita exacerbação que anseia explodir!
é muito violino aos meus ouvidos, é muito choro das notas tortas que gritam, berram e gemem!
é muito pôr do sol escarlate para meus olhos!
é muita lágrima para os meus olhos, e muita ânsia para meu pescoço contraído!
É muita força para minha panturrilha, é muita respiração ofegante e crescente e muito ofegante e crescente a respiração!
É muita dor da boa dor para o coração, é muita inspiração frustrada e efetivada para a imaginação!
É muito mais que o vermelho que se apresenta ao preto e o branco como solução!
É muito mais que a unha que arranha e o dente que morde o tesão!
É muito mais que o sol que ilumina e a lua que apaixona a noite clara e seca de verão!
É muito mais que a primavera dada ao inverno como solução!
É muito soluço dedicado à prisão da traqueia das paixões, é muito choro que vem como dilúvio à tristeza trazendo as boas novas das purezas de nosso líquido ocular!
É muita tempestade para os jardins de minhas emoções, mas igualmente são tão bêbadas as flores que nele gozam mel junto às abelhas, e das tempestades as beberronas se fazem de rainhas!
boêmias, flores dos jardins de minhas emoções, de meus devaneios, boêmias flores! bêbadas de mel, de tempestades e de amor!
É muito sereno para minha saúde, é muito orvalho para as folhas dos jardins! Mas é tamanho o prazer que as tênues e sutis gotas de água, ou de choro, ou de vinho, provocam nas folhas! As trepadeiras, as que vão além e trepam galhos e quaisquer objetos suspensos a fora, que conhecem bem como desfrutar das delícias do orvalho matutino, apreensivo e poético por primazia!
É muito ácido para a sanidade, é muita maconha para a ansiedade, é muita cocaína para a monotonia, é muito tesão como terapia!
é muito forte pra mim!
É muito urgente o delírio, o virar dos olhos, a fuga da desgraça, a investida na vida, o estourar dos fogos e das festividades da consciência, o emaranhar as coisas que não se medem e não se explicam, que nem os espertos, ou mesmo os bêbados e sonolentos compositores, apaixonados e escritores explicam...
É muito urgente o piano ao excitado, a cama ao exagerado, ao defunto leviano a vida e o luar às águas turvas de um rio!

quinta-feira, 22 de março de 2012

o lobo a ideia você

imposta a cala
amordaçada a expansão
a mente não nada
quando é nada na prisão

condenada ao pavilhão
da alcateia das ideias mortas
o sepulcro não falha
o epitáfio puxa a mão
do lobo morto que não fala
que não late, que não rosna

imposta, a cala!
cala a rosna amordaçada
nada nada na água clara

o lobo é pra viver
o lobo é pra pensar
o lobo é você
que matam sem parar
que vive pra parar
que deve viver pra viver
que deve pensar pra pensar
que não deve parar para parar
que não deve parar para privar

mas

tudo é escuro pelo sepulcro
o lobo é mudo
e não nada na água
o lobo é surdo
e não vive na mata
o sepulcro não falha
o sepulcro mata
o lobo não rosna
o sepulcro mata

terça-feira, 13 de março de 2012

gatti - à minha mãe, vó, prima e primo


uma por vezes imatura, entretanto determinada, corajosa. Da distancia fez seu pilar para a vida, sua fundamental, apesar de dolorosa, arma para sua vitória. Da distancia multiplicou-se o tempo, do resultado, cresceu a ferida necessária para o êxito. Seria crueldade do destino se não fosse de fato necessário para o amadurecimento e, sobretudo o autoconhecimento. Quem por muito não tivera autonomia suficiente em passagens aleatórias e não tão penosas da vida, a própria vida coibira para a compreensão de si mesma que poderia ser forte, persistente e focada. E de fato foi, e de fato é, forte, persistente, e focada.

O tempo é angustiante, principalmente quando se passa por uma crise de ansiedade; os dois dígitos que contam os anos são suficientes para, outrora sanar a angustia pela comodidade desenvolvida, outrora para refletir os um-quarto ou um-terço perdidos e marcados pela distancia. Evidentemente, de tudo tiramos experiências com os erros e alegrias com os acertos; o fato é, não devemos amargurar os erros se podemos tornar suas consequências como alicerces para próximos acertos. 

A dor não cura, a dor não alivia, a dor não corrige; então por que senti-la? Por que, ao menos, legitimá-la como algo que exista ou deva existir? A dor não é uma causa, é uma consequência. Quando queremos derrubar uma árvore, não atacamos seus galhos, sim suas raízes. Não ataquemos ou legitimemos a dor; que compreendamos suas raízes, pois a dor é uma reação antagônica a algo que tem como causa; e, se a dor é antagônica, o que é a causa necessariamente é o oposto da dor. Foquemos nisso! Em virtude dessa analise que ela não me causa espanto; a simples consciência de que existo e que vivo, que existem esses mais de 10 anos, que minha mãe existe e vive, faz-se necessária para a difusão da alegria.

Por aqui existem algumas outras “Fanoras”; talvez eu tenha compreendido o conjunto social o qual antes ela fazia parte diretamente como sua presença, seu abraço, e por isso eu tenha conseguido afastar tão facilmente eventuais tormentas maiores, angustias terríveis. Foi-se o corpo, entregue nas mãos do mundo para ser castigado e, somente por essa alternativa, por esta chantagem, poder dar-me toda assistência e regalia as quais gozei aqui. Foi-se a carne e a autoconsciência; ficou a alma, o carinho, manifestado em alguns muitos que amo e que ficaram aqui.

O meu tio: seu irmão. Não existe adjetivo melhor para designá-lo. Quando penso no passado da minha mãe, o que mais me remete é a imagem do meu tio como companheiro de saltos e quedas, de idas e vindas; talvez pelo espirito forte e protetor que por algumas vezes vi quando era criança, em acontecimentos que por aqui nem devem ser enfatizados, de tão fúteis e pífios que são tendo em vista nossa história e nossos triunfos familiares, com o amor e a solidariedade como virtudes; talvez pelo momento que vivo, a juventude, a qual penso demasiadamente como teria sido a deles, fantasiando cada momento vivido e comparando com os meus que vivo; talvez mesmo por serem apenas irmãos, por só isso já basta.

De qualquer modo, sinto uma confiança e uma fortaleza tão incrível em meu tio, sinto-o como um irmão mais velho. É até impressionante as relações familiares e as emocionais que tenho com pessoas que estão intimamente ligadas a nós: sua irmã como minha mãe biológica e amiga; sua filha como minha irmã, chata por algumas vezes, todavia poucas vezes sem razão; seu filho como uma perfeita manifestação da natureza, que tanto amo e amo mais ainda por ser tão reciproco; e sua mãe, guerreira, como minha mãe presente, como o sustentáculo para qualquer triunfo que obtive até hoje, a poderosa e tão sutilmente carinhosa mulher que fez a vida, as nossas vidas.

É impossível pensar em minha vó sem perder algum norte de concentração num momento desse, que faço de letras os meus mais sinceros sentimentos de minha família. Até a estrutura física é abalada, escorrem sempre algumas lágrimas no rosto, transbordando um sentimento tão denso... Também não é para mais, todo amor que eu possa suportar, toda confiança que eu possa atribuir, toda angustia que eu possa sentir por algum mal que lhe fiz. Todas sensações que variam das mais magnificas às mais deprimidas, quando dizem respeito a ela, são realmente enaltecidas.

Adjetivá-la é custoso, descrevê-la é impossível. Vivê-la é o necessário. Sentir o carinho que ela transmite, mesmo com toda sua rigidez, é incrível. Sua rigidez e sua convicção fazem dela a pessoa que é; se não fosse essa postura, quem seria alguém que suportasse tamanha pressão que ela suportou, que ela venceu e triunfou. São três gerações criadas na garra, são netos, filhos e inclusive o marido como provas para demonstrar sua força.

Não posso mais prosseguir com palavras a descrevendo. Sinto-me obrigado em finalizar esse suspiro textual e dar prosseguimento ao suspiro além das palavras e letras. Eu amo vocês demais.

segunda-feira, 12 de março de 2012

dona maria, a flor nasceu em você


o silencio do altar me apavora
eu quero a gritaria da nossa alegria!

e que seja feita a nossa vontade agora!
que deserde o bitolado pela nossa euforia!

Oh, dona maria
és tu livre a partir desse instante
goze e a liberdade sem medo quero que cante!

quero eu e queres tu
tu estás liberta e teu coração estás nu!

amo a mim e amo a você
e sob tutela do infinito amor ninguém poderá nos prender!

ninguém, dona maria
a cruz caiu, o costume castrado!
a nova paixão fez do pecado abortado!

abortado, o pecado abortado
libertado, teu ovário libertado

dona maria
essa tua maravilhosa boa nova
floresceu do seu útero!
e de lírico pequeno-pouco,
tua audácia fez uma grandiosa prosa!

domingo, 11 de março de 2012

eu leio, morro e amo a vida


vou morrer, por isso escrevo
por isso me escrevo
para eu continuar vivo
vivo!

beijos, eu te amo quem me lê!
sem você
isso não teria sentido
sem eu
isso não estaria escrito

nem vivido
nem agonizado
nem amado
nem sofrido!

eles nos dão; nos damos a eles


eles nos dão nós
feitos somos dados a nós mesmos
e nós honramos a vós
a dura batalha que vivemos

eles nos dão, às nossas crianças

a vida para viver a dor
a fome para sentir no chão
o frio e para ter calor
a cola como seu colchão

eles nos dão, às nossas crianças

o futuro num maço de cigarro
o destino soprado num trago
no papel de 10, 10 reais do descaso
e como oferenda o assassinato

eles nos assassinam, às nossas crianças

a vida antes dela ser
o sorriso do amanhecer
a esperança, que trajava natural
a alegria, que deveria ser normal

mas eles nos dão, às nossas crianças

o sentir fome, o ódio
o sentir frio, o ódio
perder o nome, a vingança
o sentir vazio, a vingança

o ódio e a vingança, a morte
o deus morto no altar, a morte
o sorriso inquieto, o brado
na mesa de jantar, o alvo

eles nos dão, às nossas crianças

o alvo aqueles que vos sustentam
que se emocionam em romances
que se aprisionam das tormentas
nos jantares inquietantes

eles nos dão, ao nosso destino

aliás eles nos dão, o nosso destino
e ao destino, impõe nossa rotina
que nos tranca e faz-nos sentir receio
de nós, que engordamos nosso medo

eles nos dão, portanto, o medo

assim como nos dão a pátria
assim como nos dão a segurança
a nós por nós armados, reforçada
assim como nos estupram propagandas

eles nos estupram a cabeça

nos dão escolas com seus métodos
nos dão o curso do vazio puro
nos afogam na inércia de seus processos
transformam a luz num salão escuro

eles nos dão o escuro, quando podemos ter luz
eles atacam o cógnito, para que o néscio se reproduz

eles alvejam quem ousa, pois quem ousa pensa
portanto criam hospícios, televisões e cadeias

eles sabem, e têm medo dos livros
eles sabem o valor de seu perigo

eles têm armas e as dispõe à nós
nós temos cabeças, e dispomos a vós

somos nós, os demônios que nos perseguem
somos os bandidos, as polícias e os hereges
os pecadores da moral que nos impuseram
os loucos engasagados por seus remédios

a inserção de vossa matéria
bem ensinada na escola da vida
determina a nossa miséria
nosso sofrer, nossa batina

determinemos, pois
nosso próprio dia
nossa própria noite
nossa própria vida

ataquemos, então
aquilo que nos ataca
não conheçamos o perdão
enfiemos, a faca
em vosso peito, no coração

pra fazer cessar, enfim
esse eu contra você
você contra mim

essa batalha,
travada por nós,
por nós contra nós

pra fazer nascer, de uma vez por todas
a nossa vida, por nós orientada
a antiga ilusão cantada por aquela louca
que por nossa utopia foi fecundada

terça-feira, 6 de março de 2012

cirrus minor gc

..ou então aceitemos também!
somos lindos e é isso aí meu amor
o mundo gira em torno dele
o mundo gira em torno do sol
mas ele está sob nossos pés
ele é grandioso, meu amor
mas somos infinitamente grandiosos também!

e o sol...
o sol nos arde a pele
nos mata o frio
e nos faz dele uma representação
de alegria e vida!
Ele nos faz! A nós, ele nos faz!

Você sabe o que você é, meu amor?
e eu sei o que eu sou?
será que devemos saber?
ou devemos procurar saber?
se só o fato de sermos
e lindo sermos
já basta!

A grandeza se dá pela vida
a vida nos atribui a grandeza divina
estamos vivos, amor!

estou vivo de você
o que respiro é o seu ar
o que me machuca é sua mordida
mas não leve a mal, meu bem
esse machucar é como o sol para as flores do meu jardim
é como a bebida ao entediado
é como o poder ao obcecado
é como a tua mordida a mim

meu amor, somos lindos! esbravejo-me novamente!
meu amor, devemos nos exaltar
quem se ama se delicia
quem se delicia delicia quem se ama
e quem se ama ama quem se delicia
que nos amemos
que nos deliciemos!

já que falei em delícias...
a juventude é de fato uma delícia!
a nossa juventude é eterna
ela não nos frige
ela nos responde

"olhem, crianças
como eu posso lhes apresentar
sob uma forma extraordinária
que caibam quaisquer objeções
frases, aspirações, reivindicações;

olhem, crianças
como posso lhes apresentar
a vida!

olhem, meus amores,
como eu posso lhes fazer ávidos
para suscitarem seus prazeres
e para verem a vida cheia de cores
ou até cheia de dores
mas aquelas dores juvenis
que até fazem bem!,

crianças, sou a juventude
amem-se!
pois, em meu reinado
a lei sou eu;
e, em meu reinado
vocês fazem a lei!

crianças,
em meu reinado,
vocês me fazem,
me vivem!
"

ah, meu amor
somos jovens!
perfeitos por sermos a natureza
perfeitos por sabemos que a somos!

as imperfeições só cabem na nossa limitação à esfera que sustenta imperfeições!

Por que não sermos perfeitos?
Devemos ser ousados!

Meu amor, aceitemos, também!
Aliás, amor, compreendamos!