terça-feira, 6 de abril de 2010

selvagem

cada dia mais selvagem
cada vez mais selvagem

diante da noite caindo sobre os sentidos
candice, selvageria, sentimento de animal
voltando às origens de um ser sociável
aliás, extremamente sociável...

diante de uma fera besta
está aí, a natureza
fria, gelada, dura
extremamente real, extremamente anti-social

ela mata, ela faz viver
faz sentir a vida
a realidade de uma carne louca
de uma carne que obteve, com tanto esforço
um dia,
conseguir pensar nisto
poxa, mas que loucura!
uma carne fedida,
uma coisa selvagem
morta
refletindo sobre ela
sobre a vitalidade de sua carne
morta

quando a noite desce,
transborda extase na visão
na mal visão, no corpo
de um bicho louco
seus instintos selvagens agora se destacam mais
pupilas transformam-se constantemente de tamanho
algo colossal nasce nesta longa hibernação
neste longo espaço de tempo em sedentarismo
medo, loucura, desconfiança, de pensamentos
pensamentos loucos, preocupações malucas
sim, estas destruições animais agora são destruidas
pela noite, pela ascensão da fera, do selvagem, do animal
animal selvagem

diante da pele sente arrepios e calafrios
em função do vento, extremamente frio
morto, rasgante, faz o nariz mecher colateralmente
em poucos instantes de uma longa visita
à verdadeira terra, realidade, ao verdadeiro
real estado de ser animal
o vento rasga, e muito
sua coluna se inquieta, há uma enorme
vulnerabilidade nas espinhas

a audição contrasta com a visão
escutando o escuro
vendo o som do vento, dos ventos
rasgantes, que agora atacam os ouvidos
resultando em grandes estrondos
sim, ouve-se o rasgar, o cortar
os olhos ressecam, assim como

a boca, a língua, que porventura está aberta e para fora,
respectivamente
o sabor é de realidade, é de natureza
é de selvageria
de animalia
da força que move tudo, todos, e o nada
da força que destrói, constrói e faz-te sentir
o gosto é seco, direto e reto
a natureza vinga, mesmo não tendo nada a vingar

afloram sentimentos selvagens
onde estão os pêlos?
os olhos vermelhos,
as garras afiadas?
toda a fúria concentrada
está na hora de se libertar?
para de pensar
parte-se para a emancipação da raiva
do nervosismo, da neurose
da paranóia
do sentimento contínuo de ódio
de malícia, de calma, sangue frio

sangue que corre agora não é daquele que se socializou e pensou coletivamente
que aprendeu a se comunicar com outro bicho insano
e se achou o máximo
o máximo agora, que lhe toca, é o medo
a psicodelia, a candice, a ansiedade,
ansiedade
selvagem

és agora o bicho
voltastes à tuas origens
tornar-se-á assassino-mor
como te foi pre-estabelecido
ao ser o que é
não fujas
não tem como,
se esquive, seja esperto,
ou tente
mas não fujas,
NÃO TEM COMO

és uma fera, um bixo, selvagem, dentro de um objeto natural que exerce uma série de alterações naturais que dentre seu corpo animal podem também existir podem fazer podem explodir queimar e degenerar e criar
e agora?
bixo, louco, maluco

tende a cair a noite em dia
garoa gelado, em pleno estado de intenso e absurdo nervosismo
treme, treme, sente frio, quer calor
aqueça-te! vá, bicho louco, bicho fraco!
se tu seguistes teus instintos desde antes
eras tu muito mais forte
seu corpo não necessitaria da natureza que manipulastes!
da natureza que manipula e tranforma-a em naturezas "salvadoras"
deixa-te deste vício!

o pensamento é o maior de todos os vícios!
grite, exale tua força, tua rebeldia interna
natural e selvagem
não pense, não pense, siga em frente em meio às seus instintos, os mais confiáveis guias de tua vida!
o pensamento vicia! larga-te, consuma ódio!
larga-te do pensar

os ouvidos doem ao sentir o exterminador som gelado
morto e aniquilador
por dentre sua audição penetra a dor do NADA, do silêncio,
o que te esperas a gritar?

larga-te do teu pensamento!

sua visão dói, demais
a claridade lhe deixa instável por um tempo indeterminado
mas a visão não é o sentido mais importante
não e não

já é sol, ele já lhe dói o corpo
todos os sentidos
corra
enquanto é tempo
ela vem

esconda-te agora sob uma árvore
ou sob um prédio, não é?
um resultado de suas belas ações sociais
DESTRUA-OS!

Já imaginastes a fera que tu és
destruindo, absolutamente tudo!?
você está sozinho


sejais esquisofrenico,
tenha medo
tens medo?
SIM!
Disserte e veja rastros dos seus lados
rastros dourados

será o extase do seu psicologico?
encare
a loucura

amanhá é um novo dia
na selva
do seu psicológico
seja forte
SOU FORTE

encaro minha loucura
pois encaro a mim mesmo
pois conheco-me
se não conheco-me
é mais um motivo para encarar
para me conhecer
e me controlar

e saber com isso,
me descontrolar
e ficar mais louco
ainda

mais louco
selvagem
ainda!