segunda-feira, 29 de julho de 2013

28 de julho

eu não tinha nada a perder,
mas é isso, infelizmente
não tenho nada também..
mesmo tendo o seu amor,
meu bem,
não tenho nada, e é o que dói,
que estremece, que maltrata,
ter um amor e tê-lo nulo,
suprimido em mudas palavras,
em riscos, rabiscos, versos,
em estrofes, em traços, em berros
expressadas ao léu, pro nada,
gritados no silênico de frases
caladas quase sempre no quase,
subtraídas e censuradas..

dói, porque são poemas
de duas almas que se amam
e não se falam;
não se abraçam,
não se têm, não se beijam,
e se calam;

não se matam de amor
não se juntam, não se fuçam
sem suspiros, sem calor,
não se perdem, não se buscam
sem mordidas, sem berrões,
sem feridas, sem pudor,
sem alívios, arranhões,
sem bocejos e sem canções...

dói essa fala não falada,
essa saudade não matada,
essa história mal contada,
mal terminada, não terminada,
dolorida por não ter em vista
algum fim de alguma página;

e são sempre páginas em branco
que são viradas após páginas
escritas e desenhadas,
torcidas e apaixonantemente
emaranhadas de furor,
de amor, de ardor,
de pecados, que sem contato,
sem tato, sem olfato,
são páginas em branco,
sem sentido, sem valor...

dói por ser a mesma dor,
de um fim, depois de um fim,
depois de um ano, o que já voltou,
que enfim, voltou assim,
prum breve espanto que consumou
em mim, de tu em mim,
em novos prantos do mesmo amor...


e eu ainda só quero te beijar (mesmo mal sabendo tudo o que isso poderia ser, ou então causar)..

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